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Ele amava a vida. Gostava do belo, de música, de esporte, de praia, da natureza. Gostava de dançar e me ensinou até a dançar tango. Quando me deu a primeira bicicleta, ficou surpreso ao me ver sair pedalando. Às vezes me buscava na escola. Levava-me no “boteco do Manel” e me pagava uma Coca-cola e um diamante negro. Quando tinha meus oito ou nove anos, me levava ao Maracanã para ver o Flamengo, seu time do coração, isso no Rio, pois em São Paulo ele torcia pelo São Paulo. Íamos a praia e foi com ele que aprendi a mergulhar e a nadar sem nenhum estilo. Mas, que importância tem o estilo? O importante é que até hoje eu consigo me manter flutuando. Ah! Ele também me deu um par de patins, motivo de alguns tombos, mas foi o meu pedido de Natal. Tocava violão e quando eu ia à sua casa, tocávamos juntos as músicas que ele gostava. Na adolescência foi meio “cruel”. Não entendi na época o porque de alguns “nãos”. Depois que fui mãe, eu entendi que o “não” era porque me ele amava e se preocupava comigo. Quando eu entrava em crise existencial com meu marido ou em dúvida com relação a educação das meninas, corria pro colo dele para ouvir suas palavras cheias de sabedoria que me mostravam o caminho a seguir. Ele não tinha ambições. Não almejava o carro do ano, aliás, nunca teve um carro. Vivia um dia de cada vez. A velhice chegou, trouxe a doença em conseqüência dos hábitos poucos saudáveis. Mas foi valente até o fim. Nunca se fez de vítima, enfrentou a doença com dignidade até o fim. Hoje eu guardo seus conselhos e os sigo sempre que preciso, pois são sempre atuais. E, como ele, gosto da vida, de tudo que é belo, de esporte, de música e amo o mar e a praia tanto quanto ele. Este era meu pai e esta é a nossa música:
“Disse alguém, que o nosso coração
É um salão, onde o amor descansa
Ai de mim, o meu sozinho,
Vive assim, sem esperança.
A esperar, alguém que não me quis
E feliz, bem feliz seria.
Mas, meu coração, não vai parar,
Soluça mas devagar”.
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